Desculpa se te chamo de amor...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Príncipe.



Eu sigo sem saber em qual ponto você peca em ser tão deus. Paro, olho, analiso e nada. Revejo seus atos, todas as coisas que você faz e nada. Talvez você peque um pouco no fato de não acreditar no amor, em empurrar relações com a barriga mas, até aí, a maioria das pessoas vive assim, portanto, isso não te faz menos príncipe.

Você não é da realeza mas tem atitudes de uma nobreza sem fim. Ela não é, nem de perto, algo que chegue aos seus pés, mas por algum motivo irônico na vida, é ela quem tem a realeza como companhia.

Ouvi dizer que ela não dá o valor merecido à isso, assim como sua ex-mulher também não deu, o que realmente me deixa pasma. Quão imbecil uma pessoa tem que ser, pra não respeitar, amar e se orgulhar de alguém que faz parte não da realeza da Espanha, Dinamarca, ou Inglaterra, e sim, da minha realeza? Quão imbecil uma pessoa tem que ser, pra não achar que você com certeza nasceu no país errado, pra não querer passear de mãos dadas com você e com o peito estufado e o maior sorriso no rosto, como quem diz: ”olhem, podem olhar. Eu fiz por merecer o meu príncipe”?

Eu não te conheço, o máximo que nós conseguimos manter de conversa foi algo besta e que, provavelmente você não lembra ou por que foi insignificante, ou por que sua timidez apagou da sua memória, mas eu posso afirmar com todas as letras: príncipe.

Juro que nunca entenderei a lógica de uma mulher ter quebrado seu coração em milhões de pedaços e a outra não reconhecer o quanto é sortuda por ter você ao lado dela.

Você não é da realeza, elas não são princesas e eu sigo procurando entender qual o mistério que cerca tudo isso e que te faz parecer tão príncipe apesar de ter o português como sua primeira língua, não ter sangue azul e deixar qualquer reles plebéia que não te dá valor se aproximar, enquanto eu fico aqui, admirando a realeza de longe.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O bem que você me fez.



Foi estranha a sensação que eu tive ontem, quando te vi. Não foi a ansiedade de antes, nem o nada que eu pensei que seria. Não vou mentir pra você que meu coração não bateu uns três décimos a mais quando a campainha tocou. Um mês sem te ver e foi exatamente isso que aconteceu. Mas logo ele voltou ao normal e meu pensamento passou longe da sala de espera, que era aonde você estava. Pela primeira vez nesses meses todos, sua presença há alguns metros de mim não fez com que eu perdesse o foco.
Quando eu estava levantando pra ir embora, me passou pela cabeça que eu poderia dar uma olhada na minha aparência antes de sair pela porta ou que, talvez, eu pudesse simplesmente, ser mais bonita, mas esse pensamento não durou nem um minuto.
E então, a porta se abriu, e lá estava você – hoje, eu diria, que você parecia relaxado. Você estava sentado relaxado, calmo – e eu juro que me preparei pro turbilhão de estranhas emoções que você sempre teve a facilidade de causar mesmo sem saber, prendi minha respiração quando meu olhar encontrou o seu e, inconscientemente, esperei. Esperei minhas pupilas dilatarem, esperei meu coração acelerar, esperei minhas mãos suarem. Mas não, não teve nada. Silêncio. Acho que foi a primeira vez que meu sorriso saiu sem ser algo ensaiado durante horas na minha cabeça, e acho que foi a primeira vez que eu senti simplesmente calma, ao estar frente a frente com você. Não que antes você não me passasse calma, muito pelo contrário – essa sempre foi uma das mais fáceis qualidades sua, mesmo sem você se quer ter noção disso. Mas hoje, hoje foi diferente. Hoje eu não fui até o ponto mais alto do céu, e voltei. Hoje, parece que eu fiquei nas nuvens. Parece que você estava nas nuvens.
Saí de lá com uma paz imensa. Poderia sim, dizer que eu estava me sentindo naquele jeito por estar acabando de sair da terapia e que a paz que eu estava sentindo é por que sempre saio de lá achando que tudo vai acabar bem. Esse tipo de paz eu sinto sempre, todas as quintas-feiras da semana. Mas ontem, eu tive a sensação de tranqüilidade, de estabilidade. A única tranqüilidade que você tinha me oferecido, até então, aconteceram nas minhas noites de pânico total, de choro total, de síndrome do pânico total, de breu total. E a estabilidade, seria algo que você só poderia me dar, se nós nos conhecêssemos. Mas ontem, por aqueles milésimos de segundo e até algumas horas depois, eu me senti estável, tranqüila, segura, feliz. E alguma coisa me diz que foi a sua presença ali, que causou tudo isso. Sem mais todo aquele melodrama de antes, sem o sofrimento de depois. Somente calma.
Mas, por favor, não pense que na minha cabeça não se formam mais idéias dessas que parecem filmes, da minha vida cruzando com a sua em algum mercado, shopping, rua. Por que isso ainda acontece. Porém, no momento, tudo o que eu realmente queria, era ficar sentada, olhando no fundo dos seus olhos, e tentando pegar o máximo da paz que você arranjou em algum lugar nesse um mês que eu fiquei sem te ver, pra guardar pra mim. Se eu não posso te ter, não seria tão egoísta assim, da minha parte, ter pra mim um pouquinho só dessa sua paz instantânea.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mofo.



Passei anos, longos anos da minha vida, lutando por você, lutando por memórias de você, lutando por fantasias de você, lutando contra você. Não lembro da minha vida antes de você, por que você se fazia presente mesmo quando eu ainda era um bebê – e você, por mais estúpido que seja, deve deduzir que bebês não retém memórias. É impossível, pra mim, lembrar do meu passado, sem ter alguma marca sua, por menor que seja, nele. Eu odeio reviver meu passado. Minha infância, minha pré-adolescência e até lá pros meus 17 anos, são coisas que eu não gosto de tirar de dentro da caixa que está em cima do armário mais alto que eu achei dentro de mim. Tenho alergia ao mofo, ao velho.
Lembro de quando eu era muito, mas muito pequena mesmo, talvez uns 4, 5 anos, e meu “namoradinho”, naquela época, não era nenhum coleguinha meu da escola. Era você. Eu me orgulhava de ser você. Aos 6, nos separaram por que nos pegaram fazendo coisas que os outros julgavam como erradas, para duas pessoinhas da nossa idade – eu com seis, e você com 10 – e para o nosso grau de parentesco. Dos três anos que eu fiquei sem te ver, jurava de pé juntos que não, já tinha passado. Mal lembrava de você, estava mais preocupada em passar de ano em matemática, do que saber se eu ainda tinha algum espaço dentro de você. Até o maldito dia que a gente voltou a se encontrar, no natal, na casa da nossa avó. Ali eu soube que não importava o que acontecia: eu estaria extremamente ferrada pelo o que eu julgava estar morto dentro de mim, por bons anos da minha vida. Nossa relação não era mais a mesma, agora exista muito medo e receio de que algum adulto imbecil nos separasse de novo, e todo passo que nós dávamos, era sempre muito bem calculado. Mas lá estava eu outra vez, a mesma de sempre. Os mesmos medos, os mesmos sonhos, o mesmo sentimento. E lá estava você: diferente.
Depois disso, dos doze aos dezessete, foram todos uma sucessão de erros: meu primeiro beijo trancada num quarto com você, com medo, pega de surpresa e mais assustada ainda com o fato de ter sido empurrada naquela cama ao lado da parede e só ter conseguido me livrar de você quando te empurrei e saí correndo destrancando todas as portas possíveis, mas trancando a do banheiro, aonde fiquei por longos minutos encarando meu reflexo no espelho sem saber direito o que pensar e o que sentir. Mas meu inconsciente processava direitinho a informação: metade do sonho já tinha sido destruído. O nome disso era expectativa; o nome disso era ilusão. Era isso então o que acontecia com as pessoas que sonhavam demais, liam livros e contos-de-fada demais. Não tinha sido como nos livros, não tinha sido como eu queria. Nunca foi.
Eu então, resolvi me afastar de você, nunca foi do meu feitio ser forçada à fazer as coisas, e eu não deixaria meu inconsciente processar a mesma informação que antes, de novo. Mas, mesmo afastada, mesmo te odiando por motivos pequenos e imbecis, eu ainda revivia a história que eu mesma inventei, de que um dia você ia perceber o quão idiota tinha sido naqueles anos, e ia ser o cara que eu fantasiava. Eu não tinha noção, nessa época, que são raríssimas as fantasias que se tornam realidade e que muitas pessoas não mudam. Você sempre foi uma delas.
Passei noites sonhando com um você que não existia na minha realidade, um você que eu desejava ser bom, carinhoso e que fazia por merecer cada sorriso meu. Mas tudo o que você fez por merecer, foram minhas lágrimas. Inclusive quando você casou e logo em seguida, sua namorada engravidou. Chorei, quis me dar um milhão e meio de murros na cara, me questionei do porque eu ter que passar por tudo aquilo, até que eu cansei. Sabia que eu era boa demais pra sofrer por alguém tão ruim quanto você. Decidi te esquecer pra sempre, e eu nunca poderia pensar que te esquecer poderia ser tão fácil. Você não me deixou nada de bom, foram – contando minha infância – dezessete anos, e nenhuma memória boa. Nenhum diálogo bom, nenhum carinho, nada. As únicas coisas que você me deixou foram o medo, a insegurança, a maturidade, a certeza de que água e óleo não se misturam, literalmente e que talvez eu seja realmente um tipo diferente, que merece um tipo diferente pra ficar junto, e não um tipo comum, como você.
A lição mais importante que eu aprendi de tudo isso é que sim, o passado machuca. Mas eu tinha duas saídas: ou eu fugia ou eu ficava, encarava e aprendia com isso. Eu arrisquei, me machuquei, sofri, caí na realidade, encarei e aprendi. Hoje, eu estou bem. Apesar da minha baixa auto-estima, da minha insegurança e de ter a leve impressão que ficarei sozinha pra sempre, hoje, o que eu nunca achei que poderia acontecer, aconteceu da maneira mais fácil e simples que poderia existir: hoje, eu estou vacinada de você.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ele vai voltar.



Eu sei que você vai. Vi isso nos seus olhos naquela quarta-feira passada, quando você veio na minha casa. Você vai voltar independente da sua atual namorada, que quando ela vai pra cidade em que nasceu, em algum lugar muito pequeno de Minas Gerais, você liga pra mim no minuto seguinte, afim de fazer qualquer coisa: comer, ir num bar, num shopping, ou ficar na piscina da minha casa – qualquer coisa que me envolva. Você não fala, mas eu sei.
Você vai voltar, independente de quão livre você quer se sentir, quando estiver solteiro, ou independente de qualquer mulher magra que passe na sua vida. Você vai voltar por que você ama minhas neuroses e ama, principalmente, me deixar claro, mesmo que seja no meio de um desabafo de quão horrível eu me acho, que, pra você, eu já era linda quando você era apaixonado por mim e que eu ainda continuo sendo, mesmo depois desses anos todos.
Você vai voltar por que você ainda tem aquela veia sadomasoquista e eu ainda tenho aquela veia de quem gosta de pisar, ser irônica, sarcástica e tudo mais o que você passou nesses anos todos, correndo atrás de mim.
Você vai voltar, independente do passado que, segundo você, te fez alguém mais frio hoje, no presente. Eu sei que isso não é verdade, assim como você também sabe. Você é o mesmo de cinco, quatro, três anos atrás.
Você vai voltar porque ontem, quando eu estava com minhas amigas em um lugar qualquer e jurei ter te visto passar na rua – e ter me ignorado por estar de mãos dadas com uma mulher – e te liguei, você disse que, apesar de estar ainda na faculdade àquela hora da noite e de estar cansado, iria passar na sua casa, tomar um banho e me encontrar lá. E eu não tinha nem cogitado essa idéia, até então.
Você vai voltar por que ontem, nos cinco minutos de uma quase-crise que eu entrei, em um lugar movimentado, com um monte de pessoas olhando, você me abraçou e disse que ia ficar tudo bem e que eu teria você do meu lado, caso eu precisasse.
Você vai voltar com o seu jeito simplista de ver as coisas, pra bater de frente com o meu complexo e profundo, de querer enxergar tudo nas entrelinhas. Eu enxergo você nas entrelinhas.
Você vai voltar porque adora minha ansiedade que, segundo palavras suas, estão presentes em todas as poucas partes minhas que você conhece.
Você vai voltar e eu provavelmente não saberei o que – mais uma vez – como agir, fazer e aceitar que alguém tenha sentimentos tão grandes por mim.
Você vai voltar, vai olhar pra mim e rir, eu vou te chamar de imbecil com um sorrisinho no rosto, sabendo intimamente que não, você não voltou. Por que você nunca nem foi.