Desculpa se te chamo de amor...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Tudo o que eu queria.




Tudo o que eu queria, era ter ânimo pra acordar de bom-humor. Sempre que vejo alguém sorrindo logo nas primeiras horas da manhã, logo concluo: ou ela passou a noite toda acordada e não teve tempo pra dormir ainda, por isso, não teve que acordar e não está de cara fechada, ou, ela se sente completa.

Tudo o que eu queria, era ter forças pra levantar. Sair do único lugar que nada nem ninguém pode me magoar, e enfrentar o dia, enfrentar as pessoas, enfrentar a guerra que é da porta do meu quarto pra fora. E eu faço isso mas não por me sentir completa. Mas por necessidade. E tudo o que eu queria, era fazer isso com prazer.

Tudo o que eu queria, era ter cara-de-pau o suficiente pra fingir aceitar quando ela me disse que sabia que tinha errado, que sabia que era falta de consideração, que sabia que tinha tomado uma decisão sem medir as conseqüências. Eu queria mesmo, era poder ter conseguido prestar atenção em tudo o que ela me dizia mas, tudo o que se passava pela minha cabeça era: alguém precisa de salvar. Não posso mais me dar ânimo sozinha, nem força, nem paciência. Alguém precisa me tirar daqui. E eu esperei. Durante a meia hora que durou aquela conversa, eu esperei, mas ninguém apareceu.

Tudo o que eu queria era ver cor em tudo. Tudo o que eu queria, era ser amada.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bem-vinda de novo.




Como num filme. Não queria usar o exemplo de um filme de romance, primeiro pra não ficar muito clichê, segundo por que o “romance” não cabe aqui. Igual em um filme no qual você sabe o final: sabe que o vilão vai morrer, sabe que o bem reinará ou que o casal vai então, finalmente, ficar juntos. Eu sabia o final, entrei sabendo o final. Dizem que é quando vai chegando o fim, que nós pensamos nele, o começo. Então, o que eu posso fazer, quando nem um começo existiu? No que eu penso, então? Em como sou idiota, em como gasto minhas palavras diante de alguém que eu poderia apostar tudo o que tenho, que nem lembra que eu existo? Aham. É isso que me resta pra pensar. É só o que eu tenho pra pensar. Nesse muro de dezenove anos, uma profissão, algumas vidas que melhoraram pelos seus atos, sua falta de coragem pra terminar algo que, até aonde eu entendi, você leva somente por comodismo e sua possível descrença no sentimento que eu procuro em cada esquina que eu viro: o amor.
É triste saber que eu cai nessa realidade e que, cada quinta-feira que passar, vou ouvir sua voz ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer e que, no máximo, o mundo vai ter algumas dessas cores em tons pastéis. Nada mais colorido e reluzente, como antes. Eu disse que não ia demorar. Eu pedi pra que não demorasse. E eu deveria saber, eu deveria ter lembrado em ter cuidado com as coisas que se deseja, por que algumas você pode conseguir. E, por ironia da minha vida ou não, eu tenho uma facilidade imensa de conseguir todas as coisas ruins. Tentei voltar atrás, juro que tentei reunir todas as minhas forças, todos os tipos de energia positiva, todo o tipo de pensamento fixo para que alguma coisa iluminasse o seu caminho e conseqüentemente o meu, mas acho que já era tarde demais. Não queria, mas, o máximo que eu posso fazer, é te transformar em uma figura de admiração. Você merece mais que isso, eu sei. Mas é o máximo que você pode me dar.
Agora, o que eu vou fazer, é esperar. Esperar a minha próxima síndrome do pânico, o próximo temporal, a próxima vez que acabar a luz, só pra ver pra onde meu pensamento vai voar. Sinto até uma certa ansiedade, quero saber o que fazer, quando me ver em apuros e saber que dirigir meu pensamento pra você, que estará fora do país essa semana, com a sua namorada, é a coisa mais patética que um ser humano poderia fazer. Portanto, vou vivendo, vou querendo parar com essa vidinha de sonhos, fantasias e admirações e tentando, rezando, desejando ter um amor pra vida.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Onde termina o rio.



Sentada ali, ela pensava: não tenho boas lembranças da infância. Parece que eu já sabia de muita coisa ruim que não deveria saber. A única coisa que eu me lembro que era realmente bela, era essa margem do rio. A mulher que morava conosco estava sempre brava. Sempre fumando. Não sei por quê. Ela ascendia um cigarro atrás do outro. Tocava-os como faíscas, coisa que combinava com seus olhos. Ela nunca me batia, pelo menos, não tão forte quanto o companheiro dela, mas, apesar disso, sua boca feria meus ouvidos. Certa vez ouvi dizer que ela era como o diabo engarrafado, mas eu sinceramente não acho que se beba a maldade. Você pode tentar afogá-la, mas, pela minha experiência até então, ela nada muito bem. Pra escapar disso tudo, sempre venho aqui, na margem do rio, pensando que isso ajudaria na minha asma. Mas eu sabia que não. Talvez morrer fosse a única coisa que ajudasse a minha asma.
Com um tijolo sobre o meu peito, cada inspiração era quase como um milagre, naquela época. Isso tornava um pouco difícil externar o que eu pensava ou sentia. Uma voz lá no fundo, queria que eu falasse dos meus sentimentos, tentando me puxar pra fora de mim mesma. E eu dizia a ela:
- Esqueça os sentimentos, eu posso sentir mais tarde. Me dê um pouco de ar.
Entre a mulher da garrafa, os remédios e a falta de ar da qual eu não conseguia me livrar, havia uma desconexão entre minha boca e meu coração. Alguma coisa dentro de mim estava rompida. Eu viva em pedaços. Talvez ilhas seja uma palavra melhor. Sempre que eu me arrastava pra dentro de mim e olhava em volta, não via um todo. Ou uma parte principal. Via um continente cortado e partido, cada seção flutuando sem rumo em algum canto distante do globo. Uma noite, eu resolvi ouvir a voz que falava dentro de mim, sempre muito baixo para minha respiração muito forçada e alta, e resolvi escrever; escrever sobre o mundo no qual desejava viver. Nunca contei isso à mulher da garrafa. Sempre tive medo. Nunca tinha conseguido compreender por que nunca pude ser boa o suficiente pra ela, pra ele, pra todos eles. Até que um dia, como se fosse um raio de luz, a resposta me veio à cabeça. Simples, muito simples. Eles não me ensinaram nada do que eu faço, do que eu sou. Nada. Desde sentimentos, até valores morais. Não poderiam ter me ensinado nada disso, por que não conhecem, por que não sabem nada disso tudo. Não poderiam amar, serem justos, terem valores nem para salvar suas próprias vidas. O que eu tenho vem de um lugar que nem eles, nem eu conheço. Fui tirada desse pensamento pela voz. Ela me dizia:
- A vida não é fácil. Na maior parte do tempo, é difícil. Raramente faz algum sentido e nunca vem com um belo laço em volta. Parece que, quanto mais você envelhece, mais ela tenta derrubá-lo, derrotá-lo, deixá-lo sangrando...As pessoas vêm até esse rio por vários motivos. Alguns estão se escondendo, outros fugindo,tentando esquecer...Qualquer coisa pra aliviar a dor que nós sentimos e todos nós chegamos aqui sedentos. Portanto, se um dia você se machucar e não sentir nada além de dor; se um dia você mergulhar no poço e ele estiver vazio, com nada além de pó, então deve voltar pra cá...mergulhar e beber profundamente.
E eu o fiz.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A moça que ninguém vê.



Nem se ela quisesse, passaria despercebido. Então, todos que estão por perto, a observam. Falam do seu corpo nem tão perfeito assim, comentam sobre suas roupas, seu mistério, seu sorriso. Mas, se a moça olha, logo mudam de assunto, finge que estão em qualquer universo bem longe dali. Se a moça resolve pedir ajuda, ninguém escuta realmente e, se quiser companhia – nossa, coitada da moça! – vai continuar sozinha por aí. É assunto na sala de aula, atrai alguns olhares na rua e quando sai – uma vez na vida e outra na morte – a noite, também. Mas ela dorme sozinha e tem um vazio no peito que ninguém tem uma mínima vontade sequer, de ocupar. A moça tem um coração pesado, transbordando emoções, que ninguém quer carregar. Quem olha de longe, não percebe, e, quem não se aproxima, nunca vai saber que essa moça devora livros com a mesma intensidade que um morto de fome devoraria um prato de comida; que queria saber dançar sem se sentir ridícula por isso; que trocaria uma balada pra assistir uma orquestra; não se contém quando vê uma criança ou um bebê e vê pequenos detalhes onde os outros enxergam o cotidiano. E que, acima e mais importante de tudo: está cansada de tanto assustar e afastar as pessoas, cansada de esperar vidas se resolverem pra que a sua comece, então, a andar. Agora, eu te pergunto: quem vai cuidar essa moça triste? Quem vai levar de prêmio o amor dela? Quem tem coragem de assumir o desafio e o tal do coração pesado? As chances são mínimas, as pessoas são mais mínimas ainda. E a moça sabe disso. Porém, ela simplesmente respira fundo, e espera. E esperar, dói.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Herói.



Tenho voltado a ter fé, eu acho. Pensando em você, pensando que, talvez, se eu rezar, se eu fixar bem meus pensamentos e se eu pedir muito, serei atendida. Talvez com minhas orações, nossos caminhos se cruzem num dia desses e, caso isso aconteça, tenho certeza que será bem no dia que estarei com minha pior roupa, meu pior cabelo, e meu pior humor. Outro dia li, que a ansiedade impede que os acontecimentos fluam com naturalidade. Mas olha, você não sabe como é quase impossível, pra mim, controlar o nervosismo com as minhas mãos, controlar minhas pernas, controlar meu coração que, ao sentir que a porta vai ser aberta e você vai sair de lá, pula até meu cérebro e volta, repetitivamente. E depois esperar uns certos minutos, pra que ele se acalme de novo.
Você não sabe o quão difícil tem sido, tirar você do centro dos meus pensamentos. É complicado quando não se tem mais nenhum estímulo, quando sua vida anda tão monótona e quando você se entrega em dó nem piedade, pra alguém que você nem conhece. E é mais difícil ainda, saber que esse alguém é você. Você não sabe como foi impossível não pensar em você essa madrugada, quando a luz acabou, e eu contei do cinco ao um, de trás pra frente, a chegada da minha síndrome do pânico. Sabia que o pavor que eu tenho de escuro, faria ela aparecer, mas eu também sabia que, se eu pensasse com todas as minhas forças em você, ali me abraçando, passaria. E passou.
Não pense que meu pensamento voar pra sua imagem, me faz mal. Até faz, mas não na maioria das vezes. Porém, isso não pode continuar por que, caso um dia tudo isso vire realidade, eu, do fundo do coração, não quero mais ser uma dessas pessoas que sonham tanto que, quando algo acontece, não há como ele corresponder aos devaneios que o anteciparam. E isso sempre acontece. Portanto, estou tentando me policiar sempre em relação à sua imagem, mas tem sido difícil, afinal, não é todo dia que alguém consegue me salvar. E isso, você não sabe, mas eu te conto: você faz muito bem.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

38 anos.



Demorou, mas hoje consegui cair um pouco em mim. A razão tomou conta do meu cérebro e coração, me arrastando de volta pra minha triste realidade. Não, não diria triste; dura, talvez. Irônica, patética, estúpida. Você pode escolher qualquer um desses adjetivos, todos se encaixam perfeitamente. Sempre odiei números, fugi de todos a vida inteira por que sempre me trouxeram irritação, stress, inquietude e ansiedade. Achei que não seria mais abordada por tais sentimentos, mas, veja lá quem foi que me fez cair na real, hoje. Eles mesmos, os números. Não adianta, eu fiz e refiz a conta no papel, depois tentei mais mil vezes na calculadora, e você bem sabe: os números não mentem. Nunca mentiram pra ninguém, e não seria logo pra mim que mentiriam. Desde que entrei nessa, de te admirar, sempre achei que quando caísse na realidade, seria por alguma atitude sua, algum "oi" mais duro, algum passo que envolvesse um outro alguém - que não eu -, algum defeitinho qualquer. Mas não. Cair na realidade foi como se jogassem um balde com um iceberg na minha cabeça, ou como se dez homens lutadores de jiu-jistu me dessem socos repetidamente no estômago. Eu de verdade não estava esperando. Não hoje, que minha semana estava tranquila e eu estava contando os dias pra te ver, juntando o máximo de energias que eu tenho dentro de mim para que, quando você me visse, percebesse qualquer resquício de afetividade vindo do meu olhar, meu corpo, meu sorriso. Não hoje que eu passei a noite toda passada lutando com sensações horríveis e minha síndrome do pânico. Não hoje, que lembrei ter tido algum sonho com você, na madrugada de segunda pra terça. Não era hoje que eu gostaria de ter esses pensamentos racionais. Pensamentos que são necessários, porém, não eram necessários agora. Eu estava melhor sem eles, pode apostar. Dezenove anos atrás, pelas minhas outras contas, você já devia estar com mil e um planos no seu segundo ano de faculdade de direito. Dezenove anos atrás, você já tinha habilitação há um e deveria dirigir como um louco, assim como homens dessa idade fazem. Dezenove anos atrás, você deveria estar traçando os planos que estão se concretizando hoje. Dezenove anos atrás, você já tinha quebrado um coração aqui, outro ali, já devia ter o seu com alguns arranhões e também já tinha algumas passagens por camas femininas. Dezenove anos atrás, enquanto tudo isso e sabe-se mais o que te acontecia, eu simplesmente dormia quietinha no meu canto, com a minha chupeta e meus sete meses de vida.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O que você nunca vai saber.



Vou colocar todo o meu melhor numa caixa e te entregar, te dou a minha palavra, eu prometo. Não pretendo te contar sobre as minhas lutas mentais. Você terá nas mãos a minha simplicidade e leveza que, podem não ser tão verdadeiras assim, mas que foram criadas pra não assustar pessoas assim, como você. Prometo te deixar com a minha melhor parte, sem as complexidades dos meus pensamentos, minhas inseguranças, minha síndrome do pânico, meu medo de escuro, meu mau-humor quando acordo e minhas lágrimas até em comerciais de tv. Prometo esconder de você meu sorriso ao ver uma criança ou um idoso, mesmo que seja há metros de mim, ou quando passo em frente à uma loja de brinquedos e de roupas para bebês. Também vou fazer meu máximo pra não te incomodar com meu senso de justiça, com meus questionamentos sobre as voltas que a vida dá e minha revolta com as pessoas que me cercam. Vou te deixar de fora da desestrutura que é a minha família e da desestrutura que eu me torno, às vezes, por conta deles. Paro de sorrir pra todos enquanto caminho na rua ou num shopping, se você achar que isso também tem que fazer parte dessa promessa. Vou baixar o volume da minha voz, da minha risada e do meu sarcasmo, também. Mas, talvez, se eu algum dia, te disser uma palavra ou outra da minha tristeza e solidão, será só pra ganhar um pouquinho mais de carinho. Prometo o meu melhor, que está aqui guardado em mim, e que tem me sufocado, e, cá entre nós, você precisa ficar sabendo que essa não é lá uma oferta muito comum, vindo de mim. Sei que pedir tanto pra te ter pra mim, pode ser algo egoísta, e eu também sei que, nada vai se concretizar e eu vou ficar sem chão esperando pra fazer as mesmas promessas pra outro alguém. É sempre um risco, eu sei. Mas olha, eu prometo que você não vai ficar sabendo da minha mania de me expor em palavras, e que eu estou escrevendo sobre você nesse exato momento. Mas, por favor, não pense que é falta de consideração da minha parte, por que, seja inteligente - e eu sei que você é - : há duas maneiras de saber o que eu digo e não digo: lendo o que eu escrevo e olhando nos meus olhos. E essa segunda opção, vem junto no meu pacote de promessas.