Desculpa se te chamo de amor...

segunda-feira, 28 de março de 2011

O mundo está ao contrário...e só eu reparei.


Então eu paro, e penso: Isabelle, deve ter algo errado. Alguma coisa fora do lugar. Tudo fora do lugar. São 204 países, 808 ilhas, 9 planetas, um universo e você tá aí, parada, vendo casais passarem na sua frente de mãos dadas, sorrindo um pro outro, ouvindo os comentários das suas amigas sobre seus respectivos namorados e como foi um final de semana maravilhoso enquanto o seu, teve como ponto mais alto adiantar um trabalho da faculdade.
Daí você liga o som, e ouve o Nando Reis cantar que tudo que acontece na vida tem um momento e um destino e isso te tranqüiliza. É, tem sempre um momento e um destino. Então você vai ao shopping e compra quase que um guarda-roupas inteiro. Roupas. Essas que você se mata pra escolher, experimenta várias, pede a opinião da sua mãe e veste. Mas não chama a atenção de ninguém. Perfume, esse que você lutou contra sua rinite só pra poder usar, e ninguém te cheira. Você aí, toda ensaiada e ninguém te assiste. Cheia de mistérios e idéias que ninguém desvenda e ninguém quer saber. Com falas até não poder mais, e ninguém pra te ouvir. Com aproximadamente 10 mil terminações nervosas, e ninguém pra, sequer, pousar a mão na sua perna. Cheia de curvas, e todos passando reto. Porque, Isabelle, tem algo errado.

sábado, 5 de março de 2011

Eu prometo.



Prometo não olhar pro céu, rir, e agradecer.

Prometo não acender uma vela e pedir para que seu caminho e o meu parem na mesma encruzilhada.

Prometo não voltar a te olhar com brilhos nos olhos da próxima vez que te ver.

Prometo não voltar a sorrir involuntariamente ao passar toda manhã, em frente àquele hospital que tem o mesmo nome que o seu.

Prometo afundar todas as esperanças que ridiculamente renasceram em mim.

Prometo não voltar a imaginar que meu travesseiro é você.

Prometo não voltar a pensar em você quando eu tiver síndrome do pânico, medo do escuro ou medo de tempestades.

Prometo não voltar a achar que tudo bem minha semana ser horrível, contanto que quinta eu te veja e tudo fique bem.

Prometo não voltar a pensar que você me faria bem.

Prometo não voltar a achar que você é demais pra mim.

Prometo não voltar com a expectativa que um dia você vai perguntar sobre mim, sobre quem eu sou.

Prometo não voltar com a idéia de que eu sinto muita atração por você, pra você não sentir nada por mim.

Prometo não me iludir.

Mas prometo mais ainda, não sorrir por você agora ter terminado com ela.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Só dependia de mim.



Aos 17 anos, quando comecei a faculdade, tudo o que eu queria, era superar todos os meus limites. Era um mundo novo, mas as histórias fantásticas que eu via nos filmes, não aconteciam.

Mas, numa das festas, o inesperado. Ela estava lá, linda e atraente. Meus olhos a encararam por um tempo. Suei, e a ansiedade me consumiu. Ela era a mais popular e à sua volta, todos tinham a mesma reação. Nem imaginava que algo estava para mudar minha vida pra sempre...

Quando me dei conta, já tinha conseguido realizar meu único desejo desde que entrei na faculdade: superar meus próprios limites e não estava sozinho: ela estava lá comigo. Desde aquela noite então, me fechei para qualquer outra coisa que não fosse ela, seu prazer e sua companhia. Porém, com o passar do tempo, percebi que a necessidade já não era mais a mesma do início; nem a quantidade e, principalmente, o prazer da sua companhia já não me satisfazia mais como antes.

Foi só então que, olhando pra mim mesmo, percebi que o que eu julgava me fazer companhia, não fazia nada a não ser me destruir. E o pior: eu estava sozinho.

E, intimamente, eu sabia que o que poderia me ajudar a levantar, seriam as mãos que quiseram me segurar enquanto caía.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Pedido de socorro.




São momentos como esse que me fazem pensar em você, o dono dessa pontinha colorida nessa imensidão cinza. Quinze minutos antes, quando fui lembrada que, por mais que eu dê a moto que ele tanto deseja, um pulmão novo que ela tanto diz precisar, um remédio que tirasse todos os medos dele e agisse como o outro ele gostaria – me calando, sempre – eu ainda seguiria sendo a pior das piores. Aquela que não aceita nada, aquela que bate de frente, aquela que fala, aquela que precisa de mais 60 anos de terapia, aquela que acha que nada está bom, aquela errada. Mas eu nunca seria aquela que não tem uma única memória feliz da infância por erros deles, aquela que enfrentou medos sozinha porque sabia que não teria aonde se apoiar, aquela que faz o papel dela, o papel dele, aquela que nunca foi cuidada, mas sempre cuidou. Assim que, mais uma vez, a verdade sobre como eles me vêem veio à tona, subi correndo pro meu quarto, desejando muito pra ser surda e não ter que escutar nada do que diziam de mim, degrau por degrau. Cheguei aqui, e fiquei alguns minutos olhando fixamente para a rua da minha casa, esperando o seu carro aparecer ali no meu portão, eu correr assim mesmo – de pijamas e descalça – pra você, pedir pra que acelerasse e pronto: eu estaria, nem que por uma noite, fora do meu inferno caseiro. Mas tudo o que eu senti foi o vento bater no meu rosto e, tudo o que eu ouvi, foi o som alto da casa da frente. Corro pro computador, abro meu email, na esperança de que haja algum seu, por lá. Não, eu sei, você não tem meu email. Mas você é alguém de cargo importante na justiça, talvez pudesse ter mexido seus pauzinhos para conseguir. Então, pego meu celular na esperança de ter uma ligação de algum número desconhecido, retornar e ser você. Mas não. Nenhum carro, nenhum email, nenhuma ligação, nenhum pontinho colorido na imensidão cinza, nenhuma mão pra eu segurar, nenhum abraço pra que eu possa chorar, nem se quer um resquício seu, porque eu fiz você chegar no seu limite. O limite da minha realidade. Você só começa a ter limite, na minha realidade, aonde você não se faz presente, diferentemente de toda a sua presença na minha cabeça. Então, não se resta outra escolha a não ser engolir todos os nomes que ouvi deles, todas as coisas que eles julgam ser a verdade, tentar continuar vivendo no meio de pessoas que eu não reconheço. Com você na minha cabeça, se torna até um pouco mais fácil, mas ainda assim é muito difícil porque, solidão, é ter muito o que dizer mas não ter com quem falar. Então, vou desejando, um dia, ter você pra ligar, ter seu abraço pra chorar, ter seu carro pra correr com o que quer que eu esteja vestindo, ter você pra me salvar.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Silêncio.



Paro tudo o que estou fazendo, desligo o som, corro atrás do primeiro papel e da primeira caneta que eu achar, me preparo, e nada. Mais um alarme falso.

Tenho passado noites mal dormidas, manhãs mal dormidas, tardes mal dormidas. Faço um esforço sobrenatural pra me ouvir, mas não tem nada. Não é como se estivesse tudo vazio, tudo ecoando pelos cantos. É simplesmente o silêncio. O lado de fora aqui, fica quieto, esperando o de dentro falar, berrar, gritar, jogar, mas não tem nada. Silêncio. Tudo tão silencioso quanto os meus 365 dias.

Se eu me concentrar bastante, consigo ouvir aquela respiração cansada e pesada bem lá no fundo desse mar de silêncio todo. Cansaço, desgaste, silêncio. Não se tem mais nada que se possa falar pra mim mesma. O único som que eu escuto, com total clareza, é meu coração batendo. Ele, que já está tão cinza, tão branco e preto, ele que sofre um dia, mas no outro já tenta desesperadamente dar um jeito de se regenerar, por um curativo ali, dar uns pontos aqui, e ficar pronto pra próxima. Porque haverá próxima e isso, ele já sabe de cor.

Não sei com precisão aonde foi que eu fiquei assim, em qual dos quilômetros do caminho eu deixei meu saquinho de esperanças ou em qual parte eu deixei meu potinho de fé. Mas, o que quer que tenha sido, deixou um vazio em seu lugar e a certeza de que eu preciso de uma vitória, pra quebrar o colar de perdas que eu carrego.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Eco.



Paro, e tento escutar alguma coisa. São quatro da manhã, e não há um barulho se quer, na rua, na vizinhança. Não há nem o barulho do vento, ou de algum cachorro meio distante, latindo. Isso não é de se espantar, afinal, são quatro da manhã e, a essa hora, todo mundo está dormindo. Menos eu. Gosto de madrugadas, desse silêncio que elas proporcionam por que, só assim, consigo escutar todo o barulho dentro de mim. Mas não foi o que aconteceu hoje. Nada. Vazio. Oco. Nem um ruído, nem um pensamento, nem uma fantasia, nem uma vontade. Literalmente, nada. Bate aqui no meu peito. Sentiu? Oco. Pode me beliscar o quanto quiser. Vai ser zero pra dor e um a menos pra vibração. Tento gritar, mas o grito volta. Eco. Não há quem ouça do outro lado desse abismo imenso. Antes, eu lembro que tinha fé, rezava para tudo o que eu acreditava e conversava com quem estivesse ali, pra me proteger, e me dar forças. Hoje, não passo daquele pai-nosso e ave-maria com os olhos fechados, morta de cansaço. Eu precisava de uma fé incalculável para me arrastar pra fora da cama e encarar tudo o que me esperava por trás da porta do meu quarto. Hoje, eu ainda preciso dessa fé incalculável, mas ela entrou em modo automático. Levanto da cama por que é preciso, estudo por que só assim serei alguém na vida, encaro o que tenho que encarar, por que não dá pra fugir. Por que não posso falar não. Por que não tenho pra onde correr. Pra quem correr. Não é fácil ter que cuidar de você ao mesmo tempo que outras pessoas precisam de um cuidado especial vindo também de você. Perdi a minha fé. Não entendo por que tenho que encarar tudo sozinha, por que eu preciso cuidar de todo mundo, por que eu tenho que me deixar morrer todo santo dia, por uma causa que é simplesmente, perdida. Quando você passa muito tempo sendo ignorada pela vida, começa a vê-la com outros olhos. Olhos cansados, sem brilho. Olhos que não tem vontade nenhuma de olhar pra frente, procurar na multidão, algum reconhecimento. Tem sido difícil, rude. E, no final do dia, quando eu posso voltar pro meu quarto, quieta, sem ninguém, nem vozes, barulhos, somente ecos, tenho duas certezas: explodir - por que a pele ficou pequena demais - em cinzas ou sonhos; ou implodir, desabar dentro de mim, cansada e sem forças pra continuar.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Acabou.



Não sei lidar com o fim de nada, por mais que eu saiba que tudo chega ao fim, um dia e por mais que eu saiba que eu tenho que me livrar de certas coisas que já tiveram seu fim decretado. Sempre penso no fim de tudo, quase nunca cogito o começo mas, mesmo assim, quando o fim chega, é como se eu nunca tivesse nem passado perto de pensar em como seria; é sempre doloroso, sempre além de mim.
O último dia do ano. Escuto pessoas fazendo planos, dizendo quais são suas expectativas e tudo o que eu quero fazer é me isolar e curtir meu desespero catatônico sozinha, sem nenhuma voz que me atrapalhe. Sentir essa vontade de sair correndo sem nem ao menos me mexer. Dez para meia noite e os fogos começam nas casas mais próximas. Olho em volta, e vejo todos sorrindo e tirando fotos como se isso fosse um momento histórico. Eu simplesmente sumo. Desapareço. E então começam com o sarcasmo um tanto quanto velho, em relação à mim: “Deixa, ela é assim mesmo...Adora estragar as coisas”. Um desespero toma conta de mim e eu sei que não é o tipo de desespero que me faz querer uma caixa inteira de calmantes, minha psicóloga, ou ele, que fez com que eu me acalmasse tanto durante o ano, mas hoje pareceu incrivelmente inatingível. Vejo meu celular no canto do banheiro, e sinto um segundo de paz. Eu ainda posso ir embora. Mas ir embora da onde? Eu sempre quero ir embora. Mas eu sempre esqueço que é impossível ir embora de mim mesma.
Saio correndo do banheiro e vou pra praia. Mesmo estando ao lado de todos, ainda consigo ficar totalmente isolada de toda aquela felicidade, e me concentro em fingir que estou rezando, para que ninguém chegue perto de mim. Sinto um enjôo que não me faz passar mal, um frio que não me faz querer um agasalho, uma necessidade de ir pra algum lugar que eu não tenho a mínina noção de qual seja e uma saudade de uma vida inteira, como se eu já tivesse vivido-a. Me afasto um pouco mais, e aperto meu celular. Algumas mensagens, algumas ligações que eu não atendi e não atenderei. Meu desespero não se acabará com desejos de coisas boas e bonitas pra mim, de pessoas nem tão boas e bonitas que estão em minha vida. “Chama a Isa, vamos mais pra frente, que dá pra ver melhor os fogos”. “Não, deixa ela”. “Manda, pelo menos, ela colocar um sorriso no rosto”. Fico escutando os outros, escutando os fogos e sei que, enquanto ficar nesse tipo de escuta, tudo isso não vai passar. Preciso me escutar, mas não tenho nada pra me dizer. Só o vão desses pensamentos, só esse intervalo de motivos, só o cochilo do imbecil que mora na minha cabeça e faz eu ter meus minutos de loucura. Só esse bueiro vazio embaixo da vida. Só os 365 dias passados em branco.
“Viu, o DJ bem que poderia colocar a sinfonia número 5, né?” E escuto meu irmão, esse serzinho de só 11 anos rir. Tenho vontade de explicar pra ele que, de madrugada, às 5 da manhã, ouvindo música clássica, torço com todas as forças pra que essa toque. Pra mim, ela sempre explica muito bem o fim das coisas. Mas logo lembro que ele só tem onze anos e lembro também que sou uma imbecil por sair de casa logo em um dos dias em que tenho mais pânico no ano. Mas se eu ousar dizer isso pra alguém, vão dizer que eu posso continuar indo mais trinta anos na terapia, que eu continuarei sendo cheia de falhas. Então, só me afasto. Não quero nada nem ninguém.
Pronto, virou o ano. Tenho vontade de subir em cima da mesa e berrar que estamos todos morrendo. Acabou, está acabando e vai acabar. Quero sair gritando que fodeu. Ao invés disso, me concentro em querer sentir muito amor dentro de mim, em amar as pessoas desse meu jeito enorme e grosseiro que sei, sem querer nada em troca. Mas não faço nada disso. Apenas sorrio, como se eu fosse a pessoa mais feliz do mundo, ao som do chiclete com banana. E é como se o diabo estivesse ali, me filmando e rindo de mim, só pra eu sempre saber como eu me traio pra jamais sucumbir à minha estranheza e o quanto deixo de assustas os outros com a minha loucura. Respiro fundo e tento me acalmar, sabendo que daqui a pouco todos estarão bêbados ou dormindo e eu então, poderei ser eu mesma como eu bem entender. Quando todos acabam de comemorar o fim do ano, eu começo a comemorar o fim da comemoração do fim do ano.
É isso. Simplesmente não sei ser feliz com os finais que chegam, mas sempre dou um jeito de aproveitar quando sou eu quem chega ao fim.