Desculpa se te chamo de amor...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tudo bem.



- Oi!
- Oi, tudo bem?
- Tudo bom?

(Olha, tudo bem, tudo bem mesmo, não está, não. Mas acho que nunca tá tudo bem pra qualquer pessoa no mundo, mas vou aproveitar que a pergunta veio direcionada à mim, e responder. Não está tudo bem. Tenho tantas certezas dentro de mim, sabe? Sobre mim, sobre os outros, sobre a vida. Mas às vezes, penso que é só mais uma dessas minhas idiotices minhas, talvez possa ser só mais uma parte desse mundo de mágica que eu construo aqui dentro, por que você sabe, né? Quando a nossa vida real é quase toda fragmentada de pequenas tragédias, pequenas loucuras, pequenas neuroses, que saída nós temos? Inventar um mundo aonde nada disso exista, ou possa até existir, mas não te afeta, não te provoca, não te faz querer sair correndo, sempre. Correr até cansar, até suas pernas doerem, até as mesmas dormirem. E pronto, você está longe de toda essa doença. Você tá me entendendo? De repente, essas minhas certezas desaparecem, e eu passo a ser quase igual a uma criança: que se esconde de tudo, e tem medo de escuro. É mais difícil passar por isso quando não se tem alguém pra segurar sua mão, você não acha?
Só que, de repente, me dá um estalo, e lá estão todas minhas esperanças, sonhos, desejos e certezas, de novo. E não sou mais aquela criança assustada, porém, continuo com o medo do escuro. E mesmo sem ter ninguém pra segurar minha mão, eu vou, eu continuo. Eu tenho que continuar, certo? Talvez seja essa a única saída, o único jeito de eu sair viva daqui. Às vezes acho que eu não tenho muito tempo, e vão me matar antes que eu viva minha formação acadêmica, meu primeiro paciente, meu primeiro namorado, meu casamento, meus filhos. Me matar antes que minhas certezas possam se concretizar e possa, também cuspir na minha cara, o que elas sempre gritam dentro de mim: sim, menina, sim. A felicidade é algo para você. Você esperou, e agora, aqui está).

Respiro fundo tentando não deixar transparecer minha vontade de morrer pelo seu terno e gravata, e respondo, com a voz mais meiga que talvez exista dentro de mim e um sorriso:

- Tudo bem.

6 comentários:

  1. Às vezes me incomoda essa inconstância, de ser ora criança assustada, ora cheia de esparanças e certezas. Hoje mesmo eu estava pensando se existe alguém que é só certezas e esperança. Acho que existe, mas acho que eu nunca vou ser assim. E portanto também nunca poderei dizer com certeza "Sim, tudo bem."

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  2. NO MEU BLOG HUMOR EM TEXTO DESTA SEMANA, A CRÔNICA É:


    TENTANDO EXPLICAR OS SENTIMENTOS:HOMEM E MULHER

    “Temos procurado através de intensas pesquisas teóricas, e muito mais práticas, compreender melhor as múltiplas possibilidades que podem ter um homem e uma mulher nos eventos de prazer da sexualidade, quanto aos seus comportamentos, atitudes, emoções e as suas sutis e históricas diferenças.

    É tudo muito complexo!”

    TENHO CERTEZA QUE SEU COMENTÁRIO SERÁ MUITO ÚTIL PARA COMPREENDERMOS MELHOR, ESTA ETERNA PROCURA DO HOMEM E DA MULHER.

    UM ABRAÇÃO CARIOCA !

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  3. Linda Isa, sempre me emocionando com tanta beleza e verdade nas palavras que diz e nos textos brilhantes...

    Mil beijos! Linda noite pra ti!

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  4. Oi, Isabelle... tudo bom?
    Muuito bom o seu blog, suas idéias, seu bom gosto e sensibilidade. Parabéns pelo trabalho.
    Estou te seguindo.
    Beijos no coração,
    EDU (http://edurjedu.blogspot.com)

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  5. "Mas tudo bem
    Tudo bem, tudo bem..."
    (Trecho da música Giz, Legião Urbana).

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  6. "Pra ser honesto sou um pouquinho infeliz
    mas tudo bem, tudo bem..."
    Giz- legiao urbana ²

    Hoje posso dizer que vivo quase exclusivamente no meu mundinho particular, inventado pra fugir do mundo... Essa necessidade de fugir do caos e da vida me deixa cada vez mais sensível, frágil. Uma brisa me desfaz em mil pedaços. Eu tenho medo do outro mundo.

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