Desculpa se te chamo de amor...

domingo, 17 de outubro de 2010

Eco.



Paro, e tento escutar alguma coisa. São quatro da manhã, e não há um barulho se quer, na rua, na vizinhança. Não há nem o barulho do vento, ou de algum cachorro meio distante, latindo. Isso não é de se espantar, afinal, são quatro da manhã e, a essa hora, todo mundo está dormindo. Menos eu. Gosto de madrugadas, desse silêncio que elas proporcionam por que, só assim, consigo escutar todo o barulho dentro de mim. Mas não foi o que aconteceu hoje. Nada. Vazio. Oco. Nem um ruído, nem um pensamento, nem uma fantasia, nem uma vontade. Literalmente, nada. Bate aqui no meu peito. Sentiu? Oco. Pode me beliscar o quanto quiser. Vai ser zero pra dor e um a menos pra vibração. Tento gritar, mas o grito volta. Eco. Não há quem ouça do outro lado desse abismo imenso. Antes, eu lembro que tinha fé, rezava para tudo o que eu acreditava e conversava com quem estivesse ali, pra me proteger, e me dar forças. Hoje, não passo daquele pai-nosso e ave-maria com os olhos fechados, morta de cansaço. Eu precisava de uma fé incalculável para me arrastar pra fora da cama e encarar tudo o que me esperava por trás da porta do meu quarto. Hoje, eu ainda preciso dessa fé incalculável, mas ela entrou em modo automático. Levanto da cama por que é preciso, estudo por que só assim serei alguém na vida, encaro o que tenho que encarar, por que não dá pra fugir. Por que não posso falar não. Por que não tenho pra onde correr. Pra quem correr. Não é fácil ter que cuidar de você ao mesmo tempo que outras pessoas precisam de um cuidado especial vindo também de você. Perdi a minha fé. Não entendo por que tenho que encarar tudo sozinha, por que eu preciso cuidar de todo mundo, por que eu tenho que me deixar morrer todo santo dia, por uma causa que é simplesmente, perdida. Quando você passa muito tempo sendo ignorada pela vida, começa a vê-la com outros olhos. Olhos cansados, sem brilho. Olhos que não tem vontade nenhuma de olhar pra frente, procurar na multidão, algum reconhecimento. Tem sido difícil, rude. E, no final do dia, quando eu posso voltar pro meu quarto, quieta, sem ninguém, nem vozes, barulhos, somente ecos, tenho duas certezas: explodir - por que a pele ficou pequena demais - em cinzas ou sonhos; ou implodir, desabar dentro de mim, cansada e sem forças pra continuar.

9 comentários:

  1. Isa...só podemos ser irmãs de alma!
    Sei exatamente qual é o tamanho desse vazio que nada preenche.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  2. Sei o que é se sentir exausta, cansada de viver, sei mesmo! Acho que é nesses momentos que às vezes surge uma necessidade enorme de mudar alguma peça de lugar, fazer alguma coisa, e é desesperador, pois afinal se estamos cansados não dá pra se acreditar capaz de mudar nada.

    Vou te dizer uma coisa: A peça que você precisa mudar talvez seja menor do que você pensa! Talvez você não enxergue isso, mas pequenas mudanças -ou grandes, mas que só dependam de uma escolha- podem mudar totalmente esse quadro de cansaço. Nunca perca a esperança, mesmo que seja em si mesma.

    Boa sorte!

    ResponderExcluir
  3. E esse layout novo está muito lindo! :)

    ResponderExcluir
  4. Nossa, me sensibilizou bastante o post, talvez por me identificar em algum momento.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  5. O eco de nossos pensamentos, esse é o mais perigoso e delicioso.

    um beijo!

    ResponderExcluir
  6. o Eco pode até nos ser útil,concordas?

    se soubérmos analisar, e agir, as consequências serão mt boas.

    o prob. é saber aliar razão a emoção.

    vc, com a sua enorme inteligência, vai se superar. Vai transcender em meio à dificuldade. torço por ti. estou ctg,ok?

    bjs ;)

    ResponderExcluir
  7. Isabella, desabafo profundo, fiquei sem palavras, mas comovido.

    ResponderExcluir
  8. i
    is
    isa

    b
    be
    bel
    bell
    belle
    (não troco mais o 'e' pelo 'a'. Sorry)

    ResponderExcluir