Desculpa se te chamo de amor...
quarta-feira, 28 de julho de 2010
O gesto
Você chegou com todos aqueles seus amigos e companheiros de time, e eu lembro de, quando vi todos vocês entrando, querer me livrar logo do abraço que estava dando em alguém que não tinha essa importância toda, e ir correndo falar com você. E foi o que eu fiz, e você, como já era de praxe, fez aquelas suas brincadeirinhas, me fazendo dar aquela minha velha risada que também te fez rir, até que nos mandaram ficar quietos, pois a palestra ia começar. Parei do seu lado, e por algum motivo, falei algum palavrão, que fez seu amigo protestar algo que eu não entendi e te fez rir, fazendo seus braços circularem minha cintura, e por ali ficarem. Até que você fez o gesto mais lindo que um homem poderia fazer, na minha opinião: beijou meu nariz.
Existe algo mais lindo que isso? Mais respeitoso, mais bonito? Não a boca, não o ombro, não a bochecha. O nariz. Sorri com toda a pouca e verdadeira meiguisse que existe dentro de mim pra você, e te beijei. Você sorriu e fez mais palhaçada, você e esse seu lado palhaço. Amo seu lado palhaço. E então, no meio disso tudo, eu paro, e penso: poderia eu, ser feliz assim? Me sentir completa, assim? Ter um gesto que eu sempre quis, assim? Ter alguém com toda a sua beleza, assim? Meu nextel vibra. Não, não poderia ser tão feliz assim, nem tão completa, nem ter esse gesto, muito menos alguém com tamanha beleza como você tem. Era tudo uma manifestação do meu inconsciente. Abro os olhos pra vida cinza, sem coisas completas, sem essa felicidade, nem essa beleza, nem esses gestos. Eu estava sonhando.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Medo
O caminho até lá foi tranquilo. Meu pai e meu irmão me levaram, e eu estava um tanto quanto calma, até consegui dormir um pouco no carro. Quando eles me deixaram lá, um medo tão, tão mais tão incontrolável tomou conta de mim, que tudo o que eu queria fazer era sair correndo, chegar na minha casa e me trancar no meu quarto e nunca mais sair dali. Mas, claro, eu sempre tive a mania estúpida de provar pra seja lá quem for que eu posso, que eu consigo, mesmo que no fundo, eu esteja gritando de tanto medo. E lá fui eu. Ou melhor, aqui estou eu. Há milhas e milhas de distancia da minha casa, dos meus pais, meus irmãos, minha terapeuta. Mas isso não tem nada a ver com o que eu quero falar aqui, agora. O que eu quero falar aqui e agora, é que isso tudo é muito estranho. Eu penso em você pra me acalmar. E o mais estranho é que você realmente me acalma. Você não acha isso estranho?
Fiquei exatamente 10 horas dentro de um avião, com uma vontade imensa de chorar, morrendo de medo, querendo minha terapeuta mais que tudo na vida e enquanto eu lutava com todos os milhões de fantasmas que existem dentro de mim, e sempre aparecem quando não devem, você surgiu na minha memória. E, meu Deus, que paz me veio. Que paz me veio em pensar em sentir sua mão segurando a minha, minha mão apertanto forte seu braço, pelo meu medo. Minha cabeça deitada no seu ombro, numa tentativa de relaxar. E, caso eu conseguisse dormir, ser acordada por você, dizendo: "Amor, amor, acorda! Já chegamos".
E o meu medo, dentre todos esses outros, é de que aconteça algo comigo, e eu não possa te dar tudo isso que tanto me sufoca aqui dentro. Será que você não entende? E se alguma coisa me acontecer antes de eu realmente te ter, pra segurar sua mão? Antes de você me ter, pra me acordar?
Por favor, aparece logo, me nota logo! Não quero mais perder todo esse tempo com meus medos e fantasmas. Não aguento mais ter só essas companhias. Preciso da sua, para afastar as deles.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
O Coiso
"A primeira vez que o coiso falou comigo, eu tinha 16. Eu tava sozinha no meu quarto, pensei “caramba, se me der um troço agora e eu ficar muito, mas muito, estranha, que será que acontece?”. Não lembro o que aconteceu, mas lembro que foi a primeira vez que o coiso falou comigo. Aí achei o coiso uma coisa maior bizarra, mas já era tarde demais. Ele se alojou no centro da minha existência, emanando seus raios e líquidos indesejáveis para meus órgãos mais vitais como meu fígado e meu cérebro. O coisa era tipo um sem terra tentando me deixar louca e enjoada. Era como se eu tivesse área saudável demais em mim e fosse injusto nenhuma doencinha poder plantar e frutificar nessa área tão improdutiva pela paz. Ele fincou sua bandeira vermelha e sua barba comunista em mim e gritou “vai sofrer um pouco sim, ou tá achando que a vida é só comprar Barbie?’ Um dia, quando eu tinha uns 16 anos ainda, o coiso soprou no meu ouvido “já parou pra pensar que você pode ficar louca?”. Puta medo que eu tive de ser louca. Aquele monte de gente normal na hora do recreio. Gente normal que ia entrar no colegial, na faculdade, transar, namorar, sofrer, arrumar empregos, ganhar dinheiro, comprar casas, casar, ter filhos, ter netos, começar a morder o nada tipo chiclete imaginário (já percebeu que "véio" gaga faz isso?) e morrer. Tudo isso enquanto eu só ficava louca. Uma vida entregue a loucura. Nossa, que medo que eu senti. Até negociei com o coiso: “pô, o resto todo até abro mão, mas deixa pelo menos eu ser feliz um pouco vai, depois posso até ficar louca”. E assim seguiram esses anos de vida. O coiso continua lá e eu continuo aqui. A gente briga, a gente faz as pazes. Ele fica enorme quando me come demais, ele fica fraquinho e quase morre quando esqueço de lhe dar comida. Ele me ajuda a escrever melhor e viver pior. Às vezes, ele se cansa um pouco ou está dorminhoco e eu aproveito o dia pra ser feliz como nunca ou como se fosse a última vez. Já tentei matar o coiso com terapias, remédios, mousses de maracujá, meditações, macumbas, espiritismos, gritos, danças, pensamentos, chás, fumaças e regimes imbecis. Mas no fundo, acho que nem quero que ele morra. O coiso ta aí desde os meus 3 anos, tadinho. Ele morreria sem se hospedar em mim e eu, certamente, sentiria um vazio ou um excesso terrível de mim mesma sem ser devorada dia-a-dia por ele. O coiso é tipo aquela avó rica chata que você até queria que morresse pra curtir a vida com o que ela tem debaixo do colchão, mas ao mesmo tempo você pensa: e como é que eu vou ser feliz sem a minha tristeza? Sem o minha avó ranzinza que guarda alegrias em baixo do travesseiro como se o mundo jamais soubesse o que fazer com elas? Ele protege o mundo da simplicidade com medo que a maluquice saia de moda. Qualquer coiso que existe desde mil, novencentos e cacete, tem medo de sair de moda. Deixa o cinza lá, deixa o coiso lá. Pelo menos eu sei onde ele está, pelo menos ele mora aqui em casa. Pior é se ele morrer e resolver me assombrar. Hoje o coiso me fez acordar às cinco da manhã. Dei um sobressalto e acordei assustada, com medo de engolir o inseto imaginário que o coiso, mais uma vez, botou na minha goela só pra zoar comigo. Nem dormir eu posso mais. Aí resolvi quebrar o pau com ele. Chamei o coiso e o coloquei sentadinho na minha frente. Falei, falei e falei. Mostrei pra ele quem manda. E sabe o que ele fez? Falou, no maior cinismo, que não tinha botado inseto imaginário nenhum na minha garganta. Eu é que tava ficando louca."
T.B
T.B
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Tenho uma vontade imensa de cuidar de você. Sabe? É, isso mesmo, cuidar. Passar a mãos nos seus cabelos com a intenção de ajeitar os fios, arrumar o nó da sua gravata, ouvir você reclamando de como foi seu dia, de como poderia ter sido melhor, e aonde você acha que falhou. Segurar sua mão e te consolar, dizendo que você sabe muito bem de todo seu potencial, e não é sempre que dá pra ganhar, por que infelizmente, a vida também é feita de derrotas.
Acordar de manhã cedinho - e de bom humor - sair da cama com o maior cuidado do mundo, ir para a cozinha e preparar um café da manhã simples, mas que dê pra você ter pelo menos 5% de noção do meu carinho.
Escrever algo em um post-it e colocar sem você perceber no bolso da sua calça, ou dentro da sua pasta, ou até mesmo, colado no seu celular para que, quando você veja, dê um sorriso. E o motivo do sorriso, seja eu.
Te abraçar quando você estiver triste, te deixar quieto quando estiver de mau-humor, rir das suas piadas, entrar nas suas brincadeiras, te apoiar nas suas decisões, sejam elas quais forem.
Isso não tá me fazendo bem, entende? Tá me sufocando. Não aguento mais aquela frase do maravilhoso Caio Fernando Abreu, que diz :"Quem procura não acha. É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado".
Eu concordo, não há em que discordar. Mas não dá mais, tá me sufocando, tá ocupando espaço demais dentro de mim, essa vontade de cuidar, essa vontade de dar todo o meu melhor e mais puro sentimento.
Então, eu te pergunto: vai demorar muito? Aonde você tá?
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Um Momento De Fantasia
Lembro a primeira vez que eu vi você. Eu tinha acabado de chegar, toda esbaforida, tava frio, mas eu estava com calor, por causa do atraso. O consultório estava cheio, e como não tinha aonde sentar, fiquei em pé encostada na porta.
De repente, você saiu, com uma camisa branca, uma gravata amarela com pontinhos roxos, um blazer e uma calça cinza, e essa sua barba por fazer. Deu um abraço na sua psicóloga e disse algo como "quinta que vem a gente se vê". Em questão de segundos, já tinha decorado sua roupa. Você passou por mim, me cumprimentou com a cabeça e um sorriso, abriu a porta, e foi. E eu fiquei ali, anestesiada com seu terno, gravata e barba.
Não precisou mais nada. Afinal, eu sempre, sempre e sempre me encantei com o pouco, com o que ninguém repara, com os detalhes. Há quem diz que eu sou exigente, que nada nunca está bom. Mas olha, moço, preciso te dizer: Se eu realmente sou assim, você também é realmente especial, por que me acertou em cheio. Não precisou de nenhum esforço, nada além de um "Oi!" e um aceno de mão.
O tempo passou rápido. Ou melhor, não houve tempo. De repente, eu já brincava em te chamar de velhote, e você a me chamar de pirralha e a me ensinar coisas que eu não sabia que existia e me mostrar o desconhecido. Às vezes você era muito quadradinho, e eu te chamava de pai, só pra te ver bravo e segundos depois, tirar toda a sua braveza com um beijo. A sua casa. Ah, a sua casa! Enorme, maior que tudo o que eu já tinha visto, e só você morava nela. Nos finais de semana ou feriados, eu morava lá também, ou brincava de me perder, não sei direito. Tinha medo de ir até a cozinha, e não saber voltar pro quarto, me perder. Mas seria bom se eu me perdesse, certo? Me perderia na sua casa, no lugar aonde você mora, aonde você dorme.De certa maneira, estaria perdida com você. Nesse caso, então, eu amava estar perdida.
E como sempre, você quis me surpreender. Comentou algo como ir pra Itália nas férias, em julho. "Itália, em julho, nós dois?" Foi o que eu disse, e você balançou a cabeça positivamente, com um sorriso nos lábios, o que também me fez sorrir. Nessa hora, enquanto levantei pra te dar um beijo, pensava dentro de mim "somos um casal, somos um casal, somos um casal...".E sorri de novo.
Tá vendo, moço, como você é, de algum jeito, especial? Eu estou sorrindo! S-o-r-r-i-n-d-o! Mais tarde, estávamos nós dois na sua cama, aquela macia e enorme, enquanto você assistia tv e eu te abraçava enquanto sentia um cafuné no topo da minha cabeça. Meus olhos foram ficando cada vez mais sem força, e eu dormi.
Acordei e eu estava na minha cama que é metade da sua e não tinha ninguém abraçado à mim, nem com as pernas entrelaçadas às minhas. Não existia a claridade do seu quarto quando amanhecia, nem sua roupa já separada fora do armário.
Também não existia Itália, nem sorrisos, e principalmente: não existia você. Quer dizer, existir, você existe. Quem não existe, sou eu. Não na sua vida, não na sua casa, nem na sua cama, muito menos num avião rumo à Itália. Não sou sua pirralha, e você, infelizmente, não é o meu velhote.
De repente, você saiu, com uma camisa branca, uma gravata amarela com pontinhos roxos, um blazer e uma calça cinza, e essa sua barba por fazer. Deu um abraço na sua psicóloga e disse algo como "quinta que vem a gente se vê". Em questão de segundos, já tinha decorado sua roupa. Você passou por mim, me cumprimentou com a cabeça e um sorriso, abriu a porta, e foi. E eu fiquei ali, anestesiada com seu terno, gravata e barba.
Não precisou mais nada. Afinal, eu sempre, sempre e sempre me encantei com o pouco, com o que ninguém repara, com os detalhes. Há quem diz que eu sou exigente, que nada nunca está bom. Mas olha, moço, preciso te dizer: Se eu realmente sou assim, você também é realmente especial, por que me acertou em cheio. Não precisou de nenhum esforço, nada além de um "Oi!" e um aceno de mão.
O tempo passou rápido. Ou melhor, não houve tempo. De repente, eu já brincava em te chamar de velhote, e você a me chamar de pirralha e a me ensinar coisas que eu não sabia que existia e me mostrar o desconhecido. Às vezes você era muito quadradinho, e eu te chamava de pai, só pra te ver bravo e segundos depois, tirar toda a sua braveza com um beijo. A sua casa. Ah, a sua casa! Enorme, maior que tudo o que eu já tinha visto, e só você morava nela. Nos finais de semana ou feriados, eu morava lá também, ou brincava de me perder, não sei direito. Tinha medo de ir até a cozinha, e não saber voltar pro quarto, me perder. Mas seria bom se eu me perdesse, certo? Me perderia na sua casa, no lugar aonde você mora, aonde você dorme.De certa maneira, estaria perdida com você. Nesse caso, então, eu amava estar perdida.
E como sempre, você quis me surpreender. Comentou algo como ir pra Itália nas férias, em julho. "Itália, em julho, nós dois?" Foi o que eu disse, e você balançou a cabeça positivamente, com um sorriso nos lábios, o que também me fez sorrir. Nessa hora, enquanto levantei pra te dar um beijo, pensava dentro de mim "somos um casal, somos um casal, somos um casal...".E sorri de novo.
Tá vendo, moço, como você é, de algum jeito, especial? Eu estou sorrindo! S-o-r-r-i-n-d-o! Mais tarde, estávamos nós dois na sua cama, aquela macia e enorme, enquanto você assistia tv e eu te abraçava enquanto sentia um cafuné no topo da minha cabeça. Meus olhos foram ficando cada vez mais sem força, e eu dormi.
Acordei e eu estava na minha cama que é metade da sua e não tinha ninguém abraçado à mim, nem com as pernas entrelaçadas às minhas. Não existia a claridade do seu quarto quando amanhecia, nem sua roupa já separada fora do armário.
Também não existia Itália, nem sorrisos, e principalmente: não existia você. Quer dizer, existir, você existe. Quem não existe, sou eu. Não na sua vida, não na sua casa, nem na sua cama, muito menos num avião rumo à Itália. Não sou sua pirralha, e você, infelizmente, não é o meu velhote.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Sempre querendo o impossível
Sabe o que eu queria agora, meu bem? Sair, chegar lá fora e encontrar alguém que não me dissesse nada, nem me perguntasse nada também, que me oferecesse um colo, um ombro, onde eu desaguasse todo desengano.
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